Resultados da sessão Já não me lembro quando comecei a desenvolver projectos de educação ambiental na Escola Básica da Gesteira, ou melhor, de conhecimento do que existe em redor do espaço escolar. Já tanta coisa foi abordada e investigada por aqueles meninos e meninas, alguns deles agora bem adultos, desde os cogumelos, borboletas, aves, caracóis e outras tantas coisas, e agora, este ano, as árvores. No primeiro dia, deste projecto dedicado às arvores, foram escolhidas as folhas, desde as suas diferenças até às suas características. Para que isto fosse possível, tive de abandonar a sessão de anilhagem que estava a desenrolar-se na Madriz. Contribuí na montagem das redes na linha 1 - 120m e na linha 2 - 90m, mas depois quem assumiu a condução da sessão, e bem, foi o Pedro Lopes. Formando, quase quase anilhador credenciado, fez aquilo a que um formando está autorizado a fazer de acordo com as regras da CNA: substituir o anilhador que lhe está a dar formação nas sessões habituais e depois reportar tudo quanto fez. E isso o Pedro fez exemplarmente. Nesta sessão, duas coisas interessantes: - recaptura de Phylloscopus collybita, anilhado em 14/11/2013, adulto portanto e que possibilita analisar em pormenor a plumagem de um individuo comprovadamente adulto. - captura de Acrocephalus scirpaceus, que entra para o lote dos indíduos com passagem mais tardia pelo Baixo Mondego
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Serra do Alhastro. Só aqui anilhei 3 vezes apesar da proximidade de casa, distância que não vai alem de 1km. Trata-se de uma elevação rectangular, cujo topo plano tem 1km por 0,35km, rodeado de uma encosta com declive acentuado. A paisagem que podemos apreciar deste local, o tipo de habitat e as espécies que podemos observar, leva-me a percorrer este espaço nos meus tempos livres, quando quero apreciar as aves, invertebrados, fósseis que podemos encontrar aqui. A vegetação tambem merece apreciação e dado este espaço ser pouco frequentado, vale tambem pelo sossego. Para quem não tem disponível uma viatura todo-o-terreno, é bastante difícil levar todo o equipamento de anilhagem às costas, subindo um caminho pedregoso e bastante inclinado. Fi-lo na primeira vez, em Novembro de 2004 e chegou para experiencia, apesar dos bons resultados obtidos. Este local tornou-se assim impraticável para quem queria manter uma certa peridiocidade na realização das sessões. Em Setembro de 2010 voltou a repetir-se neste local a realização de uma sessão de anilhagem, tendo a participação do Luis Silva, que transportou todo o material na sua viatura todo-o-terreno. A sessão do dia de hoje, a terceira aqui realizada, serviu para fornecer alguma experiencia de montagem de redes, escolha de locais e com alguma sorte, algumas espécies novas para os formandos que frequentam as minhas sessões de anilhagem. Assim, logo após o almoço do dia 27, o Luis Silva transportou todo o material para o local combinado. Tivemos de ser algo frugais, porque o regresso no dia 28 não teríamos a ajuda dele e o material teria de ser transportado por nós às costas. Foram montadas quatro linhas com um total de 390m de redes: Linha 1: 120m em olival novo rodeado de matos Linha 2: 60m num caminho com poças de água que atravessava matos altos com árvores Linha 3: 120m em olival novo e matos com olival degradado. Linha 4: 90m num caminho que atravessa matos e olival degradado Participaram o Pedro Lopes, Rui Machado, Alexandre Cardoso e Luís Silva A estrela da sessão Na sessão efectuada em 2004, esta espécie foi capturada com sucesso, passando este local a ficar como uma espécie de "reserva" para aqueles que ao llongo dos anos, as viam passar à frente dos olhos sem as poderem anilhar. E foi neste sentido que foi aqui realizada a sessão em 2010. Com insucesso, promovendo-se rapidamente a espécie a "mito" ou "extinta", já que este era o ultimo sítio onde se esperaria este fracasso. Depois de andar sempre a observar esta espécie neste local, e acreditem, na região de Coimbra era onde a observava com mais frequência, rapidamente as observações começaram a ser mais esparsas, talvez fruto de alguma alteração de habitat, com o crescimento de arvores e arbustos em detrimento dos matos rasteiros. O que é certo é que hoje foi capturado um indivíduo, o que provocou que passasse logo de imediato a estrela da sessão. Parus major Esta ave tinha plumagem de adulto, mas em três secundárias, a margem apresentava uma coloração diferente das restantes. Enqiuanto a maioria apresentava uma coloração verde-azulada, típica da plumagem de adultos, estas secundárias apresentavam uma coloração equivamente à coloração das terciárias. Não consegui chegar a nenhuma conclusão sobre estas diferenças. Galeria Resultados da sessão Foram montadas todas as linhas que normalmente são colocadas a funcionar, linhas 1 e 2, num total de 240m e ainda a linha 3 (24m), que actua como uma linha extra. As linhas 2 e 3 estão situadas em locais que só sofrem acção dos níveis de água em situações extremas (bem frequentes no inverno passado), mas a linha 1 já está com bastante água e lama, e a ponte recentemente ficou submersa durante alguns dias. Tive a companhia do Rui Machado, formando, que anilhou pela primeira vez Luscinia svecica e penso que tambem Phylloscopus collybita.
Muda A mais frequente que é encontrada em Cyanistes caeruleus juvenil. Muda coberturas pequenas e médias, alula, coberturas secundárias e carpal, terciárias e a secundária mais interior. Leucismo Estas penas brancas são encontradas com alguma frequência, desta vez num Phylloscopus collybita
Esta ave apareceu-me nas mãos para a anilhar, olhei para a cauda "adulto", olhei para as coberturas e terciárias "adulto", olhei para as primárias "algumas jovens". Temos então aqui um registo de muda para um juvenil da espécie Fringilla coelebs diferente do habitual. Asa direita: Muda todas as penas, exceptuando uma secundária e quatro primárias externas. Asa esquerda: muda tudo exceptuando duas secundárias externas e as primárias 3, 4, 7, 8, 9 e 10. Gosto destas coisas.
Resultados da sessão Participaram Paulo Ferreira e Rui Machado
Muda pós-juvenil O primeiro caso refere-se a um macho juvenil de Sylvia melanocephala, que fazem sempre umas mudas muito interessantes. Este não é um caso inédito, bem pelo contrário, mas é um bom registo. Neste momento a muda já não estava activa, pelo que não se prevêm mudanças de plumagem nos tempos mais próximos Este outro caso é bem mais interessante, já que se trata de uma muda activa de Chloris chloris juvenil. Com secundárias e primárias em crescimento, penso que as secundárias vão continuar a mudar, mas no caso das primárias, temos a manutenção das primárias juvenis 1, 2 e 3 e provavelmente a 9. Ainda julguei que poderia ser um erro de avaliação considerar a P9 como sendo ainda uma pena juvenil, mas depois avaliei como tendo acertado na identificação.
Resultados da sessão Participaram Pedro Lopes, Alexandre Cardoso e Rui Machado Record de longevidade Alertou o Pedro Lopes, com um "A anilha desta Sylvia atricapilla começa por A23", para imediatamente saber que tratava-se de uma ave com bastantes anos de vida. Uma chamada para o Luis Silva a perguntar se estava perto de um computador ligado à net, e na negativa, o envio de um sms para o Paulo Ferreira a perguntar se conseguia ter acesso à informação, acrescentando-se um resmungar entre-dentes "bem que podia fazer uma versão da Base de dados para Android. Já uma vez tentei produzir um .pdf com os meus dados, mas deu quaquer coisa como 687 folhas A4 de dados. Na fase de arrumação do material, telefonou o Paulo Ferreira a informar que tinha sido anilhado em 2006 e só agora novamente recapturado, oito anos separando estas duas datas, mais exactamente 3.181 dias, ficando em quarto lugar no meu record de longevidades. Bico de fêmea de Estrilda astrild a nidificar
Muda pós-juvenil Este é o período em que mais gosto de anilhar, pois começam a aparecer aqueles casos que puxam pelos nossos conhecimentos sobre a muda das penas. Neste momento, quase a totalidade de juvenis já efectuou uma muda pós-juvenil, como é o caso deste Erithacus rubecula juvenil, que apresenta uma muda de coberturas pequenas, médias e ainda a muda de quatro coberturas das secundárias, mantendo para já as restantes penas de juvenil. Uma muda típica desta espécie para esta altura do ano. E um bom treino para os formandos mais recentes, na determinação da idade desta espécie.
Artigo de Ian Newton sobre a necessidade actual da anilhagem na investigação das aves.
Ler aqui As sessões realizadas em Vale Soeiro integram-se na recolha de dados do Luis Silva para a tese de doutoramento e por isso ele é o responsável pelo agendamento e organização.
As sessões de Vale Soeiro são importantes pelo facto de na maior parte das vezes sermos só os dois a estar presentes, o que vale pela conversa e pela discussão entre anilhadores. Nesta sessão, alem de duas carraças recolhidas de um Melro e que depois de congeladas rumarão para Viseu, registamos a captura de Phoenicurus phoenicurus e provavelmente das ultimsa Sylvia borin e Sylvia communis da temporada. O Pedro Lopes está na recta final para a atribuição de credencial de anilhador, porque basicamente atingiu os critérios estabelecidos pela Central Nacional de Anilhagem. Por minha proposta junto da Central Nacional de Anilhagem, será avaliado pelo Julio Neto, anilhador bastante experiente e que não participou na formação do Pedro.
Esta primeira sessão, serviu para obrigar o Pedro a trabalhar em condições que não está habituado e foi bastante util, para um processo que irá ser desenvolvido nos próximos meses, até que no regresso no final do ano do Julio Neto, faça aquilo que chamo "as provas finais". A formação dos novos anilhadores em Portugal enfrenta alguns problemas, derivadas das directrizes da CNA, que solicita uma série de critérios a cumprir para a credenciação de formandos e aniladores. Tenho reparado junto dos ultimos formandos que existe a tendência em considerarem mais importante atingir os numeros de espécies e indivíduos em detrimento de uma maior experiencia na análise da ave, principalmente baseados na rápida correcção por parte do anilhador responsável pela sessão. Tenho reparado, especialmente num dos meus formandos, a preocupação em contabilizar o numero de espécies processadas em cada sessão. Isto provoca que no final de cada sessão, saiba as espécies que processou, mas não os erros que cometeu. E um dos primeiros passos é começar a registar todos as falhas cometidas e análise das mesmas no final da sessão. Esta sessão em Salreu, serviu para o Pedro começar a finalizar o processo formativo para a atribuição de credencial de anilhador, e serviu tambem para eu reflectir sobre a forma como transmito a minha experiencia e o meu conhecimento sobre o tema. |
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March 2024
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