O Luis Silva está a desenvolver um trabalho com o Oenanthe leucura e tem feito deslocações a vários pontos do país, com o intuito de monitorizar a população nacional, recolher amostras e marcá-los com anilhas coloridas. Não custou muito reunir um grupo de anilhadores interessados em o acompanhar durante alguns dias e assim, durante cinco dias, percorremos algumas zonas do vale do Douro. Antes disso, passamos pela Serra da Estrela, com a intenção de recolher informação e amostras de algumas das espécies integrantes em outros projectos de investigação Está disponível uma galeria fotográfica com algumas das fotografias que registaram estes dias - ver galeria
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O vento forte que vem de Leste, por estas bandas costuma ser mesmo bastante forte. É engraçado que pode estar a soprar com força de um tornado em Coimbra e para os lados de Montemor-o-Velho nem a mais leve brisa aparece e por isso, as sessões por aquelas bandas são sempre possíveis de serem efectuadas.
Agora quando anilhamos nas redondezas de Coimbra, sabemos que as sessões são para esquecer, excepto no Choupal, onde as árvores com 40m de altura e vegetação densa, não permitem que o vento perturbe a eficácia das redes. Excepto quando o céu desata a cair em cima de nós, ou a bem da verdade, as árvores ou os ramos de tamanho de troncos começam a cair. Montava eu a linha B, o Pedro a linha C, quando mais ou menos pela segunda rede, o estoiro de um tronco a partir e a cair, pregou-nos a ambos um grande susto. Poisei a rede, fui para a linha C para ver se o Pedro estava bem, o Pedro a julgar que era para os meus lados que tinha caído. Afinal caiu a 2 metros da linha que o Pedro estava a montar, por isso tudo incólume e ordem para continuar, mas não foi agradável estar a ouvir os estalos que as árvores davam naqueles momentos. A sessão correu de forma normal, bastantes melros a procurar comida nas amoreiras existentes na proximidade das linhas de captura e por isso um aumento de indivíduos capturados. Um deles era o segundo juvenil voador do ano, capturado numa das sessões anteriores. Interessante reparar que subiam para as amoreiras, abanavam os ramos finos para as bagas caírem no chão e depois desciam para as comer tranquilamente. Capturado também um juvenil de Turdus philomelos acabado de sair do ninho. Nestas ocasiões opto por libertar estas aves de imediato sem as anilhar. Desta vez como estava acompanhado na rede por dois adultos, optei por acondicioná-lo num saco de pano e depois libertar a família toda junta, após o seu processamento. Quando os processei, constatei que ambos os adultos eram machos. Se era só um o pai, ou se eram os dois, não sei. Os novos tempos podem também produzir estas situações nas aves, sabe-se lá. Mas libertei tudo juntinho. Ter anilhado 14 aves, controlado oito, de um total de 9 espécies pode parecer que a sessão no Choupal foi fraquita, ou normal para a época se assim entendermos classificá-la. Mas se em alternativa preferir divulgar que foi uma sessão onde foram processadas aves num total de 1,2795kg, então a actividade de hoje transforma-se numa sessão de peso. Capturado o terceiro juvenil deste ano, um Turdus merula que tinha acabado de sair do ninho. A captura de mais um Parus major com problemas nas patas fez-me ir buscar o caixote das amostras e começar a recolher. Nas sessões feitas nesta área florestal mostraram que 50% dos indivíduos desta espécie estão afectados, o que pode ter interesse em monitorizar e estudar. Para já obriga a retirar da mesa o material usado no processamento de cada indivíduo afectado, para posterior desinfecção. Para quem não conhece, começou este mês a funcionar uma EEC, mas que para já não participa em programas de monitorização. Isso é coisa para mais tarde, possivelmente noutras áreas deste espaço florestal, mas a ver vamos.
. . . ou cá as temos. A Trepadeira-azul, que farto de a ver e ouvir e não se decidia a deixar-se capturar. E a Joana. Quanto à trepadeira, era expectável que mais dia menos dias começasse a ser capturada, pois a abundância no Choupal e o início dos voos dos progenitores na busca por comida para alimentar os juvenis. Quanto à Joana, agora radicada pelos lados de Sintra, não se esquece destes dois que a acompanharam no trabalho de campo para o mestrado, neste mesmo local. Quanto à sessão, temos para mostrar dois estorninhos (macho e fêmea ) e ainda o segundo juvenil voador do ano, um Turdus merula. O primeiro foi capturado na sessão da Gesteira e foi um Certhia brachydactyla.
Já perdi no tempo o ano em que comecei a aparecer pela Escola Básica da Gesteira a mostrar a diversidade e biodiversidade do que pode ser vista em redor daquele espaço escolar, situado numa aldeia no Concelho de Soure, com vista privilegiada para os campos agrícolas do Baixo Arunca. Durante os primeiros anos recebido pelas Professoras Luisa Guardado e Fernanda Silva, depois pela Ana Cláudia, a Berta e a Adelaide, já numa fase em que deixei de ser tratado por Paulo (mais novo) para Senhor Paulo, agora mais velho do que as professoras..
E durante este tempo, amigos e colegas foram convidados a mostrar o que sabiam do assunto, entre os mais variados temas. Hoje foi a vez do Pedro Lopes, não para debitar matéria, que a sabe, digam os alunos da mãe, mas para me ajudar, porque este tipo de sessões não pode ser feita a solo. E é mais um a quem eu agradeço o facto de me possibilitar dar à língua e mostrar que em redor de uma escola existe vida selvagem. Este ano o tema "As árvores" e nesta sessão dividida em duas fases, a primeira na sala de aula e de âmbito teórica e a segunda do campo, debruçou-se sobre a relação das aves com as árvores, sendo que a sessão de anilhagem serviu para mostrar o que por lá anda. Lá, entenda-se, o pinhal de sempre. E estou certo que todos os alunos que passaram pela Escola Básica da Gesteira, sabem bem onde fica. Foi pelo ano de 1992 que comecei a trabalhar com caixas-ninho no Paul da Madriz, com a participação de alunos da Escola Secundária Martinho Árias, que aos sábados, encafuados no carro do Professor Joca e também no meu, partíamos do café PIZZICATO no centro de Soure para a Madriz e passávamos a manhã a visitar as 200 caixas-ninho espalhadas pelos bosques ripícolas. Desta altura ficaram-me na memória 3 coisas:
- quando ouvi piar perto de mim e andava à procura da origem do som pelos arbustos e ao final de algum tempo, reparei que a origem do som vinha do meu bolso. Não reparei que depois da ninhada ter sido anilhada e devolvida ao ninho, tinha-me esquecido de dois dentro do saco. Safaram-se. - O Marco Ramalho depois de ter feito uma directa, durante o percurso, adormeceu numa valeta. E lá o deixamos. - O pessoal que tinha o hábito de percorrer os inundados bosques ripícolas de sapatilhas e era obrigado a regressar a Soure em cuecas e descalços. Outras coisas ficaram, num trabalho bastante interessante, mas que só voltei a desenvolver mais tarde, em 2000, num trabalho com a participação de duas escolas, Soure e Arganil, que compararam os resultados em caixas-ninho instaladas na Mata da Margaraça e Paul da Madriz. Daqui, saíram resultados mais científicos, por assim dizer, já que foram divulgados sob a forma de comunicação oral num Congresso de Ornitologia. O trabalho de salta-pocinhas que desenvolvi a partir de então, impediram-me de agarrar este tipo de projecto, que tenho especial prazer em seguir, até ser colocado na Mata Nacional de Vale de Canas. É agora. Tenho espaço, tenho tempo e tenho caixas-ninho graças ao Luis Silva, parceiro nesta nova empreitada. Julgava eu que era agora, mas nova colocação na Mata Nacional do Choupal, ao que parece em definitivo, pelo menos dada a degradação da coisa e da causa. Assim, caixas-ninho instaladas em 2014 em Vale de Canas, passaram agora para o Choupal. Em definitivo, mesmo que a vaca tussa. E cá vou espreitando para dentro das caixas e anotando o que vejo. Se alguem interessado em espreitar estiver, pois que apareça. Um ou outro sábado, um ou outro domingo, também faço a visita às caixas-ninho. Quando participamos em projectos de monitorização, como o MAI ou o PEEC, sabemos que existem aspectos metodológicos que temos de seguir, para conseguir que o esforço e os dados recolhidos sejam válidos. Desde 2002 que participo no PEEC, quer na recolha de informação, quer nas melhorias metodológicas e na discussão dos resultados. Grande parte deste esforço foi feito enquanto funcionário, num projecto sob responsabilidade do ICN, depois ICNB e agora ICNF. Em outros anos em que me informaram de dificuldades de deslocação, optei por solicitar autorização superior para continuar a fazer trabalho de campo a minhas expensas e com utilização da minha viatura particular, o que me foi concedido, de modo a não interromper a minha participação num trabalho de monitorização que começou em 2002 e que este país tem necessidade dos seus resultados. Este ano informaram-me que devia reduzir as seis sessões mensais de anilhagem (EEC de Madriz e EEC de Taipal). Porque? Porque sim. Desisti. Em resposta aos novos ventos que sopram, aqui ando a fazer as sessões contratualizadas na Mata Nacional do Choupal no cumprimento dos meus objectivos de avaliação SIADAP. Eu depressa arranjarei objectivos a perseguir e dados a analisar. Possivelmente até serão bastante atractivos, mas para já, vou fazer as coisas certinhas e depois logo se verá o que daqui sai. A primeira sessão na companhia do anilhador Pedro Lopes foi bastante interessante, Na discussão prévia sobre possíveis capturas de Sitta ou Dendrocopus, pois bastantes comuns neste espaço florestal, mas arredias das redes. Daí que depois ouvir o Pedro a fazer em alta-voz Humm Humm, imaginei uma Trepadeira-azul ou um Pica-pau. Mas quando o vi a retirar uma Coruja-do-mato, vi logo que tinha de puxar pelo telemóvel e registar o sorriso de um anilhador que ia colocar uma anilha nesta espécie pela primeira vez. Sorriso repetido mais tarde quando apanhamos um estorninho. Por mim o sorriso continua amarelinho, pois este menino, ainda recentemente enviou-me fotografias de Oenanthe hispanica entre outras desejadas espécies, às quais ainda não tive nas mãos. Lá chegarei. Por ultimo, sei que vou levar nas orelhas do Filipe Martinho, por não recolher nenhuma amostra disto . . . . . . e disto . . . . . . e ainda disto . . . . . . mas na próxima sessão já o levo.
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March 2024
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