A coisa estava a ficar negra. A terminar a temporada de Acrocephalus scirpaceus por terras europeias e nem uma recaptura com anilhas de outros países. Daí, que foi uma boa surpresa a recaptura de um Rouxinol-dos-caniços com anilha belga entre a aveleira e o pessegueiro do meu quintal, que como sabemos são habitat's preferenciais da espécie. Bendita a hora que os plantei.
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Foi em 2012 que o Luis Silva descobriu o maior dormitório de Motacilla alba, quando a caminho de casa, reparou em dezenas de indivíduos desta espécie a poisar num canavial situado no nó dos Fornos no IC2, perto do nó do IP3. Já sabíamos de outros dormitórios instalados perto de Coimbra, como o existente nos dois pinheiros da rotunda da Galp na Adémia ou nas palmeiras da rotunda situada junto à Pastelaria Vénus em Celas.
Mas neste, as alvéolas ficavam baixas e eram facilmente capturadas. Daí a iniciar um trabalho de monitorização e a ideia de começar a marcá-las foi um passo. No dia em que íamos começar a marcá-las com anilhas coloridas, lembra-se a junta de freguesia de cortar todo o canavial, fazendo desaparecer o dormitório daquele local. Por estes dias, o Luis reparou que elas atravessaram a estrada e começaram a fazer dormitório no canavial do outro lado do IC2. Passados dois anos, voltamos a dar continuidade a este projecto de marcação de Motacilla alba... marcando-as. A Noite Europeia dos Investigadores — Researchers' Night — é uma iniciativa promovida desde 2005 pela Comissão Europeia no âmbito das Acções Marie Curie, com o objetivo de celebrar a Ciência e de a aproximar dos cidadãos. Em Coimbra, esta iniciativa tem sido organizada pelo Museu da Ciência da Universidade de Coimbra. Durante este mês, têm sido desenvolvidas actividades preparatórias ou atractivas, no sentido de divulgar junto do público esta iniciativa. Tiveram a ideia de num domingo realizar uma série de ateliers na Mata Nacional do Choupal e para isso contactaram o ICNF para dar o seu apoio (que foi dado) e alguém teve a lembrança de fazer chegar à frente o meu nome, devido à experiência no contacto com o público nesta coisa de divulgar alguma sobre aves. Para que a sessão corresse bem, já que previamente tinham-se inscritos aproximadamente 300 pessoas, tive a enorme ajuda do Luis Silva e do Rui Machado. E foi assim toda a manhã, dezenas de pessoas que iam pulando de atelier em atelier, procurando saber o que os investigadores queriam mostrar e divulgar. Foi a sessão de anilhagem mais concorrida que tive em toda a minha vida de anilhador.
Pouco existe a reportar sobre esta sessão, lembrando-me de copiar para titulo deste post o titulo do romance de Erich Maria Remarque. Antes de cada sessão, abro o meu ficheiro excel, com mais ou menos 80.000 linhas de registos e faço uns filtros, para verificar o que capturei em anos anteriores no local e em datas próximas, para ter uma ideia do que posso esperar durante a sessão que vou realizar. Por isso nada de novo comparativamente ao que capturei em anos anteriores. Poder-se-ia pensar em registo tardio as capturas de Phylloscopus ibericus e Luscinia megarhynchos, mas não e por isso fico-me por dois registos de muda (poderá haver algum que poderá pegar nas palavras de Meryl Streep que no discurso de agradecimento pelo 3º Oscar, gritou um "Óh não, outra vez!", e faça o reparo, lá vem ele com os quadros com penas pintalgadas de vermelho). Bem, quem não tem cão, caça com gato e por isso aqui seguem os registos de muda de Locustella naevia e Sylvia melanocephala. O juvenil de Sylvia melanocephala apresentava um quadro de muda completa, exceptuando a secundária nº 2 que não mudou. Este tipo de muda quase, quase completa, retendo uma secundária de juvenil não é tão incomum quanto isso, mas difícil de reparar, quando a pena retida encontra-se na asa esquerda. O adulto Locustella naevia apresentava uma muda idêntica em ambas as asas, mudando terciárias e algumas coberturas secundárias conforme o quadro.
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March 2024
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