Num local frequentado por centenas de pessoas, principalmente para a prática de exercício físico, acabamos por partilhar o espaço que ocupamos para instalar a mesa de anilhagem, com outros utentes. O que vale é que isto é tudo pessoal porreiro, muitos já velhos conhecidos de outras andanças, como aqui é o caso. Nesta sessão no Choupal, que foi feita no dia 28, regista-se a captura de um Sylvia atricapilla com gordura 7, a captura de dois Garrulus glandarius e ainda um retardatário Ficedula hypoleuca. No dia seguinte no Paul do Taipal, os primeiros Emberiza schoeniclus e Remiz pendulinus a serem capturados neste período de invernada.
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- Amanhã à noite como é que eu estou? - Amanhã estás em casa para fazeres o jantar, porque eu estou no turno da tarde - respondeu a minha esposa. - Ó Luis, num vai dar, tenho que estar em casa. Eu sei que falhando uma sessão do Luís, particularmente de limícolas, arrisco-me a desenvolver mais tarde, enquanto vou recebendo algumas fotos ou mensagens, a um completo exercício do mais puro vernáculo. E foi isso que exactamente aconteceu, quando recebo esta fotografia Por isso, hoje, mesmo com ameaça de instabilidade atmosférica, considerei que era mais profícuo levantar-me e ir até Vale Soeiro, do que ficar em vale lençóis.
Não posso dizer que existiram aves que fugiram ao habitual, mas ao ouvir o Luís a gritar "Noitibó" lá para o fim da linha, junto ao moínho em ruínas, vi logo que existia sumo para a sessão. Juntando-se ainda a captura de 4 ou 5 Ficedula hypoleuca, que serviram para ultrapassar as 40 aves capturadas, posso dizer que valeu a pena. Quando mais não seja para continuar a ter lugar marcado nas sessões dele. Mas pelo sim, pelo não, vou tratar de congelar alguma comida já preparada. Primeiro apareceu Marinho Pinto, com o assunto habitual: tenho lá em casa uma gaiola com 20m de comprimento, 4 de largura e 6 de altura, com muita coisa lá dentro, mas gostava mesmo de ter lá um casal de piscos. Pois, pois, daqui não vais ter sorte. Bem uma figura pública com uns pintassilgos na gaiola, está mesmo a precisar que eu lá vá fazer uma visita. Não sei onde mora?? Hómessa, uma figura pública descobre-se depressa onde mora.
Depois aparece-me uma das irmãs (referenciada em anterior post) com duas amigas. Simpáticas, curiosas e risonhas, esbanjando energia, se fossem alvo da minha classificação, entravam as três em medicina. Um destes dias, vou ter a visita dos alunos. Pois serão bem vindos. "Olhe lá, o que está a fazer aos pássaros", perguntava em voz elevada, outra atleta da minha idade, que passava por perto da mesa de anilhagem. Bem, nada como ver primeiro e depois explicar. No final achou tudo muito giro e interessante. Depois a Dra Mirian, ao que falam de etnia berbere, que anda por este país a fazer coisas boas, como por exemplo a tratar voluntariamente das aves que recebemos aqui na Mata Nacional do Choupal. Veio trazer um Paus pallidus para ser anilhado, já que goza de boa saúde e pronto a libertar. Quanto ao resto, aqui os temos, os Phylloscopus collybita em força, incluindo um com anilha inglesa. E a estreia de Prunella modularis aqui por este espaço florestal, pelo menos para mim. Continuam a serem capturadas Sylvia atricapilla em números razoáveis na linha 2 do Paul da Madriz, mas alem dos valores, nada de extraordinário a realçar, não fossem aparecer algumas "mudas" interessantes, das quais destaco estas três: - Sylvia melanocephala: algo estranho o ter mudado a cobertura primária n.º9 e não ter mexido na primária 10 (que é apesar de tudo uma cobertura). O resto é comum de acontecer. Phylloscopus collybita: tambem uma muda muito frequente de observar, que possibilita a certeza na determinação da idade, pois só os juvenis é que apresentam este tipo de muda nesta altura do ano. Chloris chloris: é um juvenil e por vezes apresentam mudas desconhecidas para mim. Sinceramente, ainda não sei que percentagem é que faz uma muda completa ou muda parcial, sendo um dos projectos que tenho adiado ao longo doa anos. Este caso, mostra que mudou só dias primárias, quando o mais frequente é mudarem todas as primárias 1 a 6.
Quando enviei um sms ao pessoal que anilha regularmente comigo a informar que estava a preparar o meu regresso ao Paul do Taipal e que tinha limpo a linha 2, esticando-a até ao alcatrão, todos me responderam, colocando uma pergunta: "Vais tentar apanhar scirpaceus?". É uma piada local, que ainda tem a sua graça.
Neste regresso, a ave mais capturada foi a Cettia cetti, com 26 indivíduos anilhados e 1 controlado. Foi uma boa sessão, que deu para comparar indivíduos na determinação da idade, que nesta espécie é sempre um pouco complicada, a partir desta altura do ano. Alem de outros critérios, analiso as penas da cauda, que nos juvenis é mais "Transparente". Esta característica deve-se ao facto de as penas da cauda dos juvenis apresentarem menos barbas e as bárbulas estarem mais separadas umas das outras. As fotografias não estão grande coisa, mas dá para reparar essa diferença. A foto 1 diz respeito a um juvenil e a foto 2 a um adulto. Se olharmos para a esquerda da ráquis em ambas as penas, é possivel ver esta diferença que aponto. Sessão na Madriz, com mais uma catraifada de Sylvia atricapilla. Por isso vamos lá falar delas: Analisando as penas desta cauda, conclui-se que a idade desta ave é? Quem acertar, explicando o porquê do palpite, tem direito a prenda. Mas fugindo deste jogo, a maioria dos indivíduos desta espécie que já tinham feito a muda completa ou parcial pós-nupcial, quer fossem juvenis ou adultos, apresentava todos bons níveis de massa muscular e pesos dentro da média. Os indivíduos adultos que estavam a fazer a muda completa pós-nupcial ou os juvenis que ainda não tinham iniciado a muda parcial pós-nupcial estavam uma desgraça, apresentando massa muscular entre 0 e 1. Interessante foi verificar que o indivíduo mais corpulento do dia era este, que apresentava a mandíbula superior mais curta em relação à inferior.
Saída generalizada do Paul da Madriz de Sylvia borin e Ficedula hypoleuca e chegada em força de Erithacus rubecula e Sylvia atricapilla. Importante o primeiro registo neste período de Phylloscopus collybita, que é uma das minhas aves-fétiche.
Dos resultados de duas sessões realizadas no Choupal, é digno de nota a estreia da captura e anilhagem de um Acrocephalus schoenobaenus. Quanto ao resto, regista-se a captura de um numero razoável de Sylvia atricapilla na zona das tintureiras (as bagas são utilizadas como alimento) e o controlo de uma série de juvenis de Parus major anilhados no ninho e que passaram a frequentar uma zona de comedouros.
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March 2024
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