Pegando no excelente trabalho do Helder Cardoso sobre a muda dos passeriformes europeus, sabemos que a muda é efectuada em dois principais períodos da vida de uma ave: depois da reprodução (Verão/Outono) e no Inverno (depois da migração outonal ou antes da época de reprodução).
A muda pré-nupcial, feita no final do Inverno não é muito comum de ser assistida, já que não são muitas as espécies a adoptarem esta estratégia, mas uma destas espécies é a Motacilla alba - Alvéola-branca, que nesta altura do ano pode efectuar muda das caudais interiores, parte das coberturas das secundárias, terciárias e ainda muda da plumagem do corpo. E é por efectuarem a muda de corpo nesta altura do ano, que vão aparecer grande parte da Motacilla alba yarrelli que vamos observar no final do Inverno, já que grande parte delas são difíceis de separar da sub-espécie alba, vão ganhar agora a plumagem do corpo distintiva entre estas duas sub-espécies. Entretanto, continuam os trabalhos de captura e marcação desta espécie com recurso a anilhas coloridas.
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Hoje foi a terceira sessão de captura de Alvéola-branca no dormitório instalado no IC2 a norte de Coimbra, conseguindo-se capturar 41 indivíduos, que perfaz um total de 110 indivíduos em três sessões. De assinalar a ausência de recapturas, talvez pelo número elevado de indivíduos que frequentam aquele dormitório, talvez porque esta espécie vai mudando de locais ao longo do Inverno e frequenta outros nas proximidades, que sabemos que existem.
Mas para já, recomeçou-se a marcação desta espécie com recurso a anilhas coloridas, tarefa que já não era feita a alguns anos Desde 2016 que não apareciam nas sessões de anilhagem no Paul do Taipal, até ao dia de hoje. Capturados quatro Chapim-de-faces-pretas, três anilhados e um controlado com anilha francesa. Para além deste ponto alto da sessão, a sorte da captura de um Estorninho-malhado, fez aumentar o número de espécies que o Diogo apresenta, agora que se apresta a regressar ao local de anilhagem de origem, para os lados da Fonte da Benémola.
De interesse a recaptura de um Rouxinol-bravo anilhado como juvenil em 21/10/2017 e uma Felosinha que foi tambem anilhada no Taipal em14/02/2020, identificada na altura como tendo nascido em 2019. Penso que foi em Setembro, por altura de tentar capturar Papa-moscas-preto para obter amostras de sangue, que foi a ultima sessão em Brasfemes EEC. Claro que a partir de Março as sessões de captura passam a ser regulares de modo a cumprir com a metodologia do PEEC, mas no resto do ano as sessões aqui realizadas são esparsas. Por isso não é de admirar que só existiu uma ave recapturada. Mas o Diogo saiu daqui satisfeito, pela ave que anilhou pela primeira vez, que permitiu aquela pose que todos os formandos fazem quando tiram uma fotografia com uma ave especial para enviar "à família" Mas o dia ainda não tinha terminado.
Chato, bem chato, talvez por ter ouvido vezes sem conta as histórias das sessões de captura de Alvéola-branca que fazem dormitórios nos sítios mais improváveis, como na palmeira da rotunda junto à Pastelaria Vénus em Coimbra, ou no pinheiro da rotunda da Galp da Adémia, ou as melhores histórias da rotunda dos Fornos, que para além do intenso movimento, pois estamos numa zona industrial, paredes meias com o IC2 e com o IP3, em que também nos debatemos com o intenso cheiro a leitão assado que emana dos restaurantes da zona, e aqui aconselho o Restaurante Albatroz, de longe o meu preferido para saborear o divino bacorinho assado. Pois bem, o João, se eu não tentasse capturar aqui as Alvéola-branca que utilizam como dormitório um canavial instalado numa rotunda, sofria um desgosto. Porque as Estradas de Portugal cortam regularmente este canavial, nos ultimos anos o dormitório não está aqui instalado, mas este ano, talvez por efeitos da pandemia, esqueceram-se de cortar as canas e ......... cá o temos outra vez, com algumas centenas de indivíduos aqui a passar a noite. Assim, montaram-se duas redes numa zona marginal e conseguimos capturar 22 indivíduos, dos quais dois da sub-espécie yarrelli. E enquanto as Estradas de Portugal não cortarem as canas, nos próximos tempos vamos fazer mais algumas sessões. Dois meninos felizes no dia de hoje. Dos oito Rouxinol-pequeno-dos-caniços com anilha holandesa que controlei, fica somente a faltar o historial de um indivíduo. Este historial agora recebido diz respeito a um indivíduo anilhado em 2019 junto à fronteira da Holanda com a Bélgica e foi identificado como juvenil. Foi controlado em Setembro de 2021 no Paul do Taipal em Montemor-O-Velho
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March 2024
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